
Retiro da Alma
Há um lugar onde o mundo desacelera,
onde a luz pousa macia nas paredes ocres
e a sombra das folhas dança
como se soubesse segredos que ninguém diz.
Uma porta entreaberta convida o silêncio,
não para entrar — mas para permanecer.
Ali, cada flor cresce com ternura,
cada árvore guarda um nome esquecido.
O tempo ali não corre,
apenas respira.
Na parede, o vermelho das pimentas
fala da força discreta das pequenas coisas.
E o vaso, imóvel,
acolhe o instante como quem acolhe um filho.
Essa casa não é só uma casa —
é abrigo de memórias que não vivemos
mas, ao olhá-la, lembramos.
A pintura de Sharon não retrata um lugar,
expõe um sentimento que mora dentro de nós
e, por instantes,
nos convida a voltar.

