2024/03/12

ADÉLIA PRADO ENTRE NÓS


As memórias no tempo ficam tecidas, 
Fios de momentos, bem cerzidas.
No coração ficam acomodadas,
Com a idade são desvendadas.

Guardamos cartas amareladas,
Amores, viagens não planeadas.
Enevoa o olhar, o coração persiste,
Cismando no ontem, mulher resiste.

Rostos queridos, muitos nas estrelas,
Abraços, beijos, emoções tão belas.
Chama acesa, inextinguível, serena,
Devagarinho a memória se ordena.

Vive para sempre quem nos foi querido.
Só morre em nós quem é esquecido.
Na tessitura do ser, a memória voa,
Devoção eterna, quem ama, perdoa.

“Quando eu era pequena, não entendia o choro solto da minha mãe ao assistir a um filme, ouvir uma música ou ler um livro. O que eu não sabia é que minha mãe não chorava pelas coisas visíveis. Ela chorava pela eternidade que vivia dentro dela e que eu, na minha meninice, era incapaz de compreender.

O tempo passou e hoje me emociono diante das mesmas coisas, tocada por pequenos milagres do cotidiano.

É que a memória é contrária ao tempo. Enquanto o tempo leva a vida embora como vento, a memória traz de volta o que realmente importa, eternizando momentos. Crianças têm o tempo a seu favor e a memória ainda é muito recente. Para elas, um filme é só um filme; uma melodia, só uma melodia. Ignoram o quanto a infância é impregnada de eternidade.

Diante do tempo, envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente parte. Porém, para a memória, ainda somos jovens, atletas, amantes insaciáveis. Nossos filhos são crianças, nossos amigos estão perto, nossos pais ainda vivem.

Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro da gente. Quando nos damos conta, nossos baús secretos…estão recheados daquilo que amamos, do que deixou saudade, do que doeu além da conta, do que permaneceu além do tempo.

A capacidade de se emocionar vem daí, quando nossos compartimentos são escancarados de alguma maneira. Um dia você liga o rádio do carro e toca uma música qualquer, ninguém nota, mas aquela música já fez parte de você…e mesmo que tenham se passado anos, sua memória afetiva não obedece a calendários, não caminha com as estações; alguma parte de você volta no tempo e lembra aquela pessoa, aquele momento, aquela época.

(…) Dizem que o tempo cura tudo, mas não é simples assim. (…)E mesmo que o tempo nos leve daqui, seremos eternamente lembrados por aqueles que um dia nos amaram. O que a memória ama, fica eterno”.


Minha Mágica Alegria


Não traio o sentido por mim,

cuido da minha essência real,

o brilho dos meus olhos é  o ideal.


Sonhos invadem minhas noites,

sonhando não morro, sou onírica,

envolvo meus dias tão dormentes.


Beijo delicado não é banal,

a vida vale a pena se for assim,

torna-me uma mulher lírica.


Não temo dizer, viver o eu te amo,

mesmo divagando, não desamo,

a memória ameniza e te eterniza.


Deus não me tira a poesia…

olho o amor, o vejo mesmo assim,

o afeto é minha alegria em magia.


Amor e Poesia não estão no porão

da minh'alma, mesmo na solidão,

brilham na cobertura do meu coração.



Nossa sugestão musical: A Janela (Roberto Carlos)
Imagem: Pensador



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