2025/05/29

Sally Swatland Entre Nós

De manhã cedo na ilha

De manhã cedo na ilha

A luz ainda não é cheia.
É macia, azul-clara,
como o sussurro do mar antes do mundo acordar.

Ela se baixa —
com cuidado, como se o chão pudesse quebrar.
Seu vestido branco encosta na água rasa,
onde o céu se dobra,
e a terra se confunde com o reflexo do que virá.

O chapéu protege seus olhos,
mas não esconde o silêncio curioso
com que observa uma linha de espuma,
uma marca que talvez seja um segredo deixado pela noite.

Há sal no ar,
mas também há algo mais:
um tempo suspenso,
um momento que não precisa ser nomeado.

Nada se apressa.
Nem o mar,
nem ela,
nem a ave que caminha ao fundo como quem respeita o ritual.

É um instante pequeno,
mas eterno.
Como tudo o que é verdadeiro.



Escritos Encharcados 


De Amor sem falso pudor,

De pudor com brio sem temor, 

De temor sem falsa Esperança, 

De esperança com sonho de Bonança,

Sally ama o mar das delícias. 


Escreve seus sonhos delirantes, 

Não se intimida das marés rasantes, 

Delineia novos horizontes perdidos, 

Reconhece caminhos tão iludidos, 

Sally ama o mar das delícias. 


Rabisca todas  emoções contidas,

Ele guarda seus segredos nas ondas,

Vive na confiança do seu confidente,

Tem certeza, ele jamais mente, 

Sally ama o mar das delícias. 


De paixão, se veste, reveste a areia,

De areia faz castelos, belos projetos,

De projetos cabíveis,  vive pé no chão, 

De pé no chão,  afaga marolas com coração.

Sally ama o mar das delícias. 



Nossa sugestão musical: Stamatis Spanoudakis - Thalassa


🌸🌹🌸

2025/05/24

Rafal Olbiński Entre Nós

Vestido de Chuva

No silêncio onde o céu se desfaz,
ela ergue-se, serena tempestade,
num vestido bordado de paz
com gotas presas à eternidade.

Braços cruzados, guarda o segredo
da água brotando sem razão,
como se chorasse em silêncio o enredo
do mundo guardado no coração.

Cada gota, um suspiro contido,
cada fio azul, uma estação.
Sob seu manto, flores têm nascido
como resposta da terra à emoção.

Lágrimas caem, mas não ferem o chão:
dão tulipas, amor, renascimento.
Ela é chuva, mesmo sem permissão
transforma a dor, em flores ao vento.




Alma de Vergel

Afetada em seu âmago, se tampa,
Reveste-a Rafal de flores, na marra.
Mistura-a ao jardim em fragrâncias
Cobre-a, manto floral, sua alegria.

Confundem-na com uma estampa,
Um lindo vergel tecido na barra,
Rega cada uma com suas lágrimas,
No azul trabalha sua incontinência. 

Oculta  na sombra escura noturna,
Desnuda de si mesma, sente o frio.
Abraça seu peito, encolhe-a, espera
Passar toda cruel fase, com calma. 

Não deseja de bom tom ser soturna,
Repete toda má sensação de calafrio. 
Respira serena, a vida se faz amena, 
Nada como disfarçar de flor sua alma. 



Nossa sugestão musical: As Flores do Jardim da Nossa Casa


🌷🌹🌷

2025/05/16

Sharon Maia Wilson Entre Nós

Retiro da Alma

Há um lugar onde o mundo desacelera,
onde a luz pousa macia nas paredes ocres
e a sombra das folhas dança
como se soubesse segredos que ninguém diz.

Uma porta entreaberta convida o silêncio,
não para entrar — mas para permanecer.
Ali, cada flor cresce com ternura,
cada árvore guarda um nome esquecido.

O tempo ali não corre,
apenas respira.

Na parede, o vermelho das pimentas
fala da força discreta das pequenas coisas.
E o vaso, imóvel,
acolhe o instante como quem acolhe um filho.

Essa casa não é só uma casa —
é abrigo de memórias que não vivemos
mas, ao olhá-la, lembramos.

A pintura de Sharon não retrata um lugar,
expõe um sentimento que mora dentro de nós
e, por instantes,
nos convida a voltar.


Entrada Soturna 


Há  um mistério do outro lado,

Uma porta embaçada, fechado 

Caminho tão desejado,  sonhado 

Misto de coragem, medo danado.


Passagem secreta,  Sharon, quiçá? 

Possibilidade de vida nova, será?

Trabalho, ascese ou fortificação 

Coração em ação,  em mutirão. 


A claridade virá, sei bem esperar 

Com parcimônia, passo a galgar 

Sem energia esbanjar, descortinar 

Mundo novo sem receio, eu creio. 


Do outro lado? Um novo percurso,

Um tanto, antes, em desuso,  curso

Seguro sem sobressaltos aos saltos, 

Caminhar na claridade, na bondade. 




💚💛💚

2025/05/10

Renoir Entre Nós

"Menina com as Espigas"-1888


Menina de laço, dourando ao sol,

teu rosto ilumina a tarde mansa.

No campo dançando qual girassol,

o vento te embala, abraça, alcança.


Espigas nos braços tão pequeninos,

colhidas com gestos de pura inocência.

Segredos da terra repousam divinos,

nos teus dedinhos tocando a essência.


Teus olhos vagam, perdidos no tempo,

onde o mundo é sonho, cor, aventura.

Renoir captou um instante suspenso,

menina áurea, eterna em pintura.




Renoir, numa elegante comoção,

Pincela a Menina com as Espigas.

Traços esbeltos vindo do coração,

Numa beleza em belas memórias.


São pinceladas de alma, toques

Suaves com pompas e retoques.

Deixa revelar toda a expressão

De ternura envolvente em ação.


Tinge, Renoir, com sutileza ímpar,

colore espigas em tons de amar.

Tênues pinceladas multicolores,

Brilha em suas artes peculiares.


Emoção não lhe falta no pincel,

Paleta parece contornar o anel.

Envolta no lindo campo de trigal,

Presenteia-nos beleza sem igual.



Nossa sugestão musical: Menina - Tonicha

🌻🌼🌽


2025/05/02

Terry Avon Redlin Entre Nós

Noite com amigos-(July 11, 1937 – Abril 24, 2016)

Noite com Amigos

A velha cabana respira luz,
um calor brando escapa pelas janelas,
como se o coração da floresta ali palpitasse.

Na lareira, as chamas dançam
ao som distante de risos,
memórias antigas se reencontram —
chegam amigos,
trazendo histórias e relembrando bons tempos passados.

Lá fora, a neve cobre o mundo
silenciosa, quase em segredo.
Um casal de veados espreita entre as árvores,
quietos como se escutassem
uma canção antiga que só o inverno conhece.

A água reflete o luar
quase imóvel, como se também observasse.
As estrelas cintilam no céu límpido
bordado de galhos nus
que esperam a primavera em silêncio.

É uma pintura com alma,
um instante preso no tempo
onde tudo se aquieta,
e a vida — por um breve momento —
simplesmente...repousa.

Ambiente Aquecido 

Era noite muitíssimo fria,
Na choupana, havia magia.
Sonho de amor e alegria, 
Terry pincela, se inebria. 

Uma gélida noite avança, 
Sinais de afeto e esperança, 
Lar de conforto e bonança, 
Terry pincela, se lança. 

Na casinha, o fogo aquece, 
O diálogo sempre acontece 
Tempo quentinho favorece, 
Terry pinta, nos enriquece. 

O casebre pode ser riqueza, 
Prenúncio de toda gentileza.
Vive pessoas de delicadeza, 
Terry pincela em presteza.




❄️​☃️​❄️​