2025/04/18

Théodore Gérard Entre Nós

Menina Tricotando-1874

Fios do Tempo

Na penumbra da tarde, em compasso,
a menina cria sonhos no seu regaço.
Nas mãos delicadas em ritmo constante,
vai tecendo o tempo com fio pulsante.

Veste simplesmente em tons outonais,
mostrando desvelo nos gestos banais.
O gato ao lado, repousa em sossego,
no chão de madeira, seu aconchego.

A sala murmura segredos passados,
o cesto transborda panos enlaçados.
Uma jarra de flores secas na mesa,
dá ao ambiente, nostalgia e beleza.

Cada ponto dado, um instante vivido,
na trama do dia, um sonho contido.
A agulha desliza, o tempo se enreda,
 a vida, ela escreve em lã e em seda.

Gérard, com traços de luz e ternura,
fez do quotidiano a mais bela pintura.
No fio da sua arte teceu imaginação,
bordando a vida, com alma e paixão.



Há  um terno silêncio no recinto  

Uma solidão enclausurada, sinto. 

Onde estará  Gérard bem-amado? 

Sinto tanta falta dele ao meu lado.

A saudade invade 
                               todo aposento.



Apenas uma toalha, uma moringa

Não fazem alarme, nem são coringa.

São utensílios banais, bem normais, 

Pouco? Muito? Preciso de bem mais.

A saudade invade 
                               todo aposento.



Meu aliado animal ouve-me no vazio,

Eu também não dou um pio, seu mio

Faz-se aliado no recanto tão solitário, 

Teço silenciosa, cautelosa, amorosa.

A saudade invade 
                               todo aposento.



Nego-me a ficar sofregamente ansiosa,

Lá  fora, a vida me espreita, não rejeita 

Minha dor tão só minha… avanço ponto 

Por ponto, devagar, só vivendo doendo. 

A saudade invade 
                               todo aposento.






🌿🍀🌿