2022/04/09

OLINDA ENTRE NÓS

   
Entro Dentro do Silêncio

Entro dentro do silêncio
como uma campânula
como um ovo
como um refúgio
numa solitude sem fim.

Entro dentro do silêncio
 dentro de mim.

Este silêncio não é ausência do que vem do exterior pois se ouço_

as ondas baterem levemente no cais
o pousar de gaivota na amurada
o comboio rolando nos carris
as vozes de homens que passam
o breve assobio da ave no jardim.

Entro dentro do silêncio
dentro de mim.

Este é o silêncio do mundo
do mundo onde já só falo
com o eco deste silêncio.


Silêncios…

Viver de pouco
 Ou coisa nenhuma 
De recordações fugazes: 
Gestos apenas esboçados
 Palavras mal proferidas 
Silêncios

 Eis o que eu tenho 
O que me resta afinal 

Daquela quimera
Apenas entrevista,
Dos dias de sol e sombra
Em vão vividos à espera
De um renascer!



Escondo-me no silêncio…

Da alma,
do corpo,
do Coração

Ruídos espalhados 
pelo ar…

Ouço a voz 
das ondas do mar,
ouço pessoas
gargalharem ao longe,
ouço frêmitos loucos 
de impiedoso egoísmo.

Há tanto ruído no ar!
Que pena!

Lástima imensa
é o subterfúgio 
do ser humano.
Lamentável
é alvoroço ao redor.

Não há profundidade,
profusão do fecundo…

Há apenas 
malquerenças
envolvendo 
a humanidade,
em profundo
som descabido,
proveniente 
do mutismo
dos sentimentos,
da incapacidade 
de fazer silêncio
a mais Amar e servir.

Vem, silêncio,
envolve-me de ternura!

Não seja eu contaminada
pelas descabeladas urgências 
das pessoas
por coisas tão passageiras!

Silêncio sagrado,
 afaste o efêmero de mim!




Nossa sugestão musical : Maria Guinot- Silêncio e tanta gente.
imagem :  Aberrant Beauty

~~*~~

Em tempo: estamos inaugurando um novo ciclo da nossa querida amiga Fê.
Dia 6 é o dia em que nossa mana comemora o Dom da Vida.
Uma vida que ela oferta aos amigos de forma peculiar e generosa: em Poesia com P maiúsculo.
Assim que será dupla nossa homenagem de hoje, à amiga que está no ENTRE NÓS e à anfitriã portuguesa que nos enriquece semanalmente com a delicadeza de sua alma poética inebriante.