Ao romper do dia os pássaros cantam.
Será que sabem?
Sabem, porque os pássaros sentem.
Porque nem só a humanidade sente.
Por isso não canta como os pássaros.
Na agitação do dia os pássaros voam.
Será que querem?
Querem, porque os pássaros amam.
Porque nem só a humanidade ama.
Por isso não voa como os pássaros.
No silêncio da noite os pássaros dormem.
Será que sonham?
Sonham, porque os pássaros choram.
Porque nem só a humanidade chora.
Por isso não dorme como os pássaros.


não era noite
nem era dia
que sei eu
dum manto de nuvens pairando
que aos olhos enganam
como se fosse algodão?
este lago que foi
vazio de espaços
apertando-me entre margens
como abraços, se escondeu
quem sabe, desapareceu…
bebeu-se num desejo duvidoso e fugaz
talvez por não ser noite, nem dia
talvez saiba o que eu não sei
talvez nem uma coisa, nem outra
sobra-me observar deste ermo
como quem antes o via
serenamente esperar que se resolva
pela noite ou pelo dia
quem sabe, um meio termo
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GUMA |

Reluto em Adormecer
Entardeceu, escureceu, anoiteceu,
toda a cidade está descansando,
em breve, estaremos pernoitando.
O céu tem matizes enegrecidos,
silêncio angustiante paira pelo ar,
Como passará? Como sonharão?
conversarão, estudarão, descansarão?
Contemplo o empretecer da noite,
há ainda uma lasca de azul no céu,
em breve, acabará, não mais a verei,
não me extasiarei… só dormirei…
Reluto em adormecer de pronto,
contemplo meu viver sem pranto,
amanhecerá, aí nada me faltará.