Basta às vezes um cuidado,
reflexivo, apurado,
para a vida ter mais cor.
Basta às vezes um sorriso,
perguntar se é preciso
uma ajuda, um favor.
Basta às vezes uma mão,
abraçar, dar atenção
aos carentes d'amor.
Basta às vezes outra visão,
uma luz na escuridão
para o amanhã ser melhor.

Telha de vidro
Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda,
na casa velha…
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô…
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha…
A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro…
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade…
Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que - coitados - tão velhos
só hoje é que conhecem a luz do dia…
A luz branca e fria
veio morar na fazenda,
na casa velha…
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô…
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha…
A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro…
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade…
Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que - coitados - tão velhos
só hoje é que conhecem a luz do dia…
A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa…
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.
Que linda camarinha! Era tão feia!
- Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão…
Por que você não experimenta?
A moça foi tão vem sucedida…
Ponha uma telha de vidro em sua vida!

Laços Afetivos
No amor, sou jogo forte,
aventuro-me, insuperável,
heroica e destemidamente.
O tempo não o apaga jamais,
se verdadeiro, só o adormece,
surra, também dá o bálsamo.
Dói muito, é vivo, vivificador,
não é escândalo, nem vândalo,
como a água do mar, no vaivém…
Não é de marés, como nós em nós,
é onda estarrecedora, animadora,
fascinante como a paz, refaz.
Tem audácia, algo de petulância,
rompe nosso medo herege,
envergonha a falta de coragem.

Nossa sugestão musical: As Rosas Não Falam | Fagner
Imagem: Pinterest
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