2025/11/20

Victor Gabriel Gilbert Entre Nós

"Vendedora de Flores em frente à Igreja da Madeleine"
 

A Vendedora de Flores

No abrigo gasto da feira antiga,
um véu de pólen cobre o dia;
a moça tece muda e atenta,
um ramo breve de poesia.

Ao redor a cor vai fenecendo,
 o vento leva o perfume embora;
sorri às flores, mas ninguém as vê,
 o tempo vai passando sem demora.

Há preces longas na Madeleine,
sinos na rua tocam chorando;
ela, entre rosas guarda silêncio,
de quem também vai murchando.

Talvez um sonho a tenha amado,
ou talvez nada, só o cansaço —
as mãos que dão vida às flores mortas,
sabem que o belo é breve e escasso.



Florista Enfeitiça 

Florista trabalha entusiasmada,
Passa seus dias bem enturmada.
Seu refúgio diário entre odores
Requer bom trato nos afazeres.
Victor pincela matizes de luz.

Ornamenta buquês com presteza,
Com delicadeza de alma, leveza. 
Ama seu labor cotidiano floral, 
Gosta do odor delas, angelical.
Victor pincela matizes, seduz.

Embala os ramalhetes com doçura, 
Não tem ambição nem dura usura.
Enlaça cada um com fitas de cor,
Põe no feito ramo todo seu amor.
Victor pincela matizes, introduz. 

Enfeitiça os transeuntes, ilesa
De artifícios desleal, princesa
Das flores do local primordial 
 Onde exala perfume fenomenal. 
Victor pincela matizes, reproduz.
 

Nossa sugestão musical: Amália Rodrigues - A Júlia Florista

🌷🌹🌺

2025/11/16

Darrell Bush Entre Nós

Calor do Inverno

O candeeiro aceso,
 faz do frio abraço morno,
um coração de fogo 
no meio da noite gelada.

A neve cai devagar, 
adormecendo o caminho.
Pousam os cardeais, vermelhos
 como brasas, contra o branco infinito.

Ao longe, a casa ilumina-se,
janelas acesas de espera, ternura.
Imagino risos, chá a fumegar,
 histórias aquecendo mais que lume.

Na vastidão do inverno,
o mundo suspenso aguarda a noite.
Mesmo o frio no seu rigor,
cede ao milagre da dádiva do amor.



Luminosidade d'Alma


Reflexos, raios iluminados,

luzes douradas, casas fechadas,

ocre lá dentro, ouro diário.

cá fora, Darrell vê, sorridente,

a neve ofuscar o cenário.


Canta tristonho o canário, 

ansioso pela espera de Sandra,

atrás das janelas fechadas 

por frio e solidão do inverno

rigoroso em neve e magia.


No postal interiorização, 

reflexos de amor em ação,

envolvem dois seres enamorados,

um lar de muitos princípios.

Darrell cuida de seu ninho, alegria.




Nossa sugestão musical: Marjorie Estiano - Reflexo Do Amor 


✨❄️❤️

2025/11/09

Georgia O'Keefe Entre Nós

The Waterfall -"Cachoeira"

Cachoeira


Entre verdes montanhas,

um véu branco se desfaz,

 nuvem de água correndo,

magnificente, pura, voraz.


Leve fio de eternidade

abre sulco no abismo,

será queda, será entrega,

ou puro abissal lirismo?


Nas dobras do vale,

uma visão deslumbrante,

não é só a natureza,

é coração palpitante.


Cachoeira nunca cessa,

escorre, rompendo a forma,

será corpo, será montanha?

O teu olhar a transforma.



A transformação do meu ser 
em água viva a correr,
 a me dizer: 
"ChuáChuá!

O dia será refrescante, 
tão relaxante... 
envolto em água,
chove lá fora!

Água em abundância
inunda meu coração...  

Torno-me terna, 
sou terra regada.
Água da chuva!
Água da cachoeira!

Rezo com O'Keef, 
banho-me em suas águas,  
torno-me leve, 
sou seduzida.

Tenho um guardião, 
as águas me envolvem,
purificam-me... 

O Amor me marcou,
inundou-me.
Chuá! Chuá!



Nossa sugestão musical: Enya - Watermark (Official Video)

💙✨🌿

2025/11/02

Frida Kahlo Entre Nós

“Autorretrato com Colar de Espinhos e Beija-flor”


Autorretrato surreal

Na minha testa nasce uma floresta,
folhas me respiram,
 as veias do mundo enlaçam meu pescoço
em espinhos sangrando e florescendo.

Sou metade mulher, metade animal,
o macaco murmura segredos da infância,
a pantera me veste de sombra.
No meu peito, um beija-flor morto
bate asas invisíveis —
o coração não desiste.

Borboletas deitam-se no meu cabelo
são pensamentos vivos.
Entre dor e desejo, caminho suspensa:
a ferida, sorri,
o retrato, não se apaga.

Sou e não sou,
sou carne e sonho,
sou eternidade ardendo no olhar.

Entre Espinhos e Colibris


Pinta todos os seus lindos sonhos,

Sua realidade, seus percalços,

 Frida rodeada de espinhos, colibris.


Está otimista, louva sua vida,

Tem as suas devoções na lida.

Tal Frida rodeada de espinhos, colibris.


Elas a acalmam, muito a consolam,

É  bem observadora, conservadora.

Tal Frida rodeada de espinhos, colibris.


Símbolos lhe ajudam a parte artística,

Sua inspiração torna-se fantástica.

Tal Frida rodeada de espinhos, colibris.


A esperança a mantém firme e forte,

A fé  lhe recupera, é seu rumo Norte.

Tal Frida rodeada de espinhos, colibris.


Anima-se mais, é seu bom arrimo,

enfrenta incertezas, sem asperezas.

Tal Frida rodeada de espinhos, colibris.



Nossa sugestão musical: Gloria Gaynor - I Will Survive


💖🌙💖

2025/10/25

Paul Klee Entre Nós

"Jardim de Rosas" (Rose Garden) 
 

Num jardim suspenso de sonho

entre ondulantes muros carmim,

 casas dançam em blocos rosa

 respirando o perfume da cor.

Círculos se abrem — rosas, sóis, segredos —

flutuando em troncos finos como cordas de harpa

numa partitura de pétalas e luz.

O tempo curva-se em linhas suaves,

os caminhos não levam, abraçam,

o olhar repousa, sem urgência,

num labirinto de cores a florescer.

Jardim sem fronteiras,

não cresce na terra, mas na alma.


Um convite para habitar o imaginário,

sem armas, sem ódios, só gestos de amor.


Em porta tão estreita

Passou por inúmeras,

Por algumas, entrou,

Em nenhuma, ficou.


Na sua existência,

Viu ocultas portas!


Ao habilidoso Paul,

Com teimosa insistência,

A ordem se inverta.


Alarga sua mente,

Abra-lhe um fio de alegria,

Com toda paciência,

Pinta-lhe o AMOR.


Sua vida será magia, 

Encantadoramente,

Transformada na cor rósea,

Num jardim das formosas. 





~DIA NACIONAL DO POETA~
BRASIL

🌷✨ 🌹

2025/10/19

Edgar Degas Entre Nós

"Às bailarinas de Degas nos recordam que até a dor pode encontrar leveza no gesto de recomeçar."

Edgar Degas -Les Danseuses Bleues
 

No Azul do Silêncio

Curvo-me em sombra,
sou quase nada,
um sopro cansado.

O tempo pesa,
a alma se cala,
meu corpo é fardo.

Mas um gesto insiste,
um braço se ergue,
meu passo voltou.

No azul me diluo,
meu corpo renasce,
dançar me salvou.

Edgar me inspirou.

Um Toque de Superação

Despida de toda vaidade,
Foi veste tão maltratada,
O pior atrás já ficou,
Restou-lhe sua nudez 
Retrato da sua pequenez 
Edgar lhe inspirou.

Viu-se só, aniquilada,
Desejosa do puro amor,
Não sendo mais desejada,
Já nada mais lhe restou,
A não ser uma imensa dor.
Edgar lhe inspirou.

Alegria já foi tão sonhada,
Atualmente, bem esquecida,
Urge mudar a sua vida,
Está mesmo tão apagada,
Será de novo bem-amada.
Edgar lhe inspirou.

Aquecendo seu coração,
Baila com determinação.
Eleva-se, em movimento,
É restauração, louvação,
À vida, sua gratidão.
Edgar lhe inspirou.

2025/10/12

Leonid Afremov Entre Nós

Misty Mood


Luzes acesas na noite nebulosa,
desfazendo as cores do caminho,
céu turquesa, visão assombrosa,
 pinceladas com tintas de carinho.

Lampiões áureos, pontos de lume,
 refletindo a vida no chão molhado,
cada gota espalhando perfume,
 num amoroso encontro ansiado.

Guarda-chuva, abrigo dos dois, 
passos lentos na calçada fria,
lá fora a vida fica para depois, 
este instante só a alma o cria.

Passear à chuva, doce aventura, 
 profundo enlace de luz, de cor.
Leonid comemorou nesta pintura,
o esplendoroso cenário do amor.




No inverno crucial, vagueiam destemidamente,
os passos, corações encharcados de afinidades.
As luzes da cidade redobram todas as nuances,
Os matizes coloridos acentuam-se nitidamente.

Bancos vazios, pensamentos nada sombrios,
vivem o belo amor recíproco, cheio de brios.
Os coloridos são motivações esplendorosas,
revestem de bom ânimo pessoas majestosas.

No trajeto, vivenciam os sentimentos vários,
contemplam tantos motivos magnânimos.
O percurso alivia mentes repletas de males,
dão alívio seguro às sensações mais livres.

Leonid capta emoções reprimidas intensas,
pincela, em tons, as probabilidades plenas.
Relação multicolorida faz bem ao humano.
pigmenta tormentas frias, lado desumano.






🌧️​☔​🌞

2025/10/04

Dores e Cicatrizes Entre Nós

Há cicatrizes,

discretas,

escondidas,

ninguém imagina,

provas da minha força.


Há cicatrizes

profundas,

um dia doeram,

mas hoje me sustentam,

provas da minha força.


Há cicatrizes

antigas,

vivas,

brilham na memória,

provas da minha força.


Há cicatrizes

indizíveis,

a dois partilhadas,

impossíveis de apagar,

provas da minha força.


Há cicatrizes

só eu senti,

só eu enfrentei,

só eu transformei em luz,

provas da minha força.




Há dores

silenciosas,

secretas,

ninguém as conhece,

segredos do  coração.


Há dores

cabulosas,

queimam

ao coração afligem,

segredos do coração.


Há dores

inesquecíveis,

doloridas,

inextinguíveis,

segredos do coração.


Há dores

inexprimíveis,

a dois sentidas,

incabíveis no peito,

segredos do coração.


Há dores

só eu senti,

só eu sobrevivi,

só eu amadureci,

segredos do meu coração.

Nossa sugestão musical: Diogo Nogueira - Clareou 

Imagem: Pinterest


💔💔💔

2025/09/26

Sung Kim Entre Nós

Passeio Noturno
 

As pedras brilham como espelhos,
recolhem passos, segredos.
A chuva cúmplice não os separa, 
o guarda-chuva é
 abrigo de eternidade.

De mãos dadas caminham
 sonhando acordados,
 cada gota,
uma bênção,
cada reflexo,
uma promessa.

O café aberto convida,
mas eles seguem adiante,
a rua em frente
mostra-lhes o futuro.

A cúpula observa-os do alto,
eles sorriem em silêncio:
Os amores não se perdem,
quando as noites guardam auroras.

O passeio noturno,
é apenas o começo

de um amanhecer partilhado.



Noite fria, lugar ermo, 
dois passantes buscam abrigo, 
o corpo e nas almas enamoradas.

Noite fria, lugar ermo,
cores tênues sem sinal de perigo,
pessoas buscam alento, desconsoladas.

Noite fria, lugar ermo,
Sung reflete seu coração,
sinuosa manifestação em ação.

Noite fria lugar ermo,
buscarão conforto incondicional,
nos bares da vida, tudo tão banal.


Nossa sugestão musical: La Vie En Rose, Édith Piaf




2025/09/20

José Malhoa Entre Nós


O Fado-1910


O Fado

No quarto pobre, paredes gastas,
ecoam cordas, choram baixinho,
canta o homem, a alma arrasta,
a guitarra reflete o seu caminho.

Ela rendida, afasta o cansaço,
olhar perdido, a dor a seduz,
corpo inclinado sem embaraço,
vinda da sombra livre da luz.

Não há riqueza, não há vaidade,
só vinho, canto, vida sofrida,
 no fado existe toda a verdade,
da dor humana, nua, sentida.

Malhoa pintou com cores do povo,
tinta de lágrimas, drama, clamor,
o fado é eterno, antigo e novo,
pincel de mágoa, guitarra e amor.



Escutar toda a saudade do fado,

mesmo estando presente o amado.

Aliviar penas, ouvir dissabores,

eliminar decepções, malmequeres.


Cantar toda a dor da alma, criar

momento de ternura, incentivar.

Imbuir-se do espírito melancólico

sem cair num âmbito diabólico.


Escapar da rotina tão enfadonha,

Malhoa atenua a relação tristonha.

Avançam na alegria devagarzinho,

abolir a fatalidade do ser sozinho.


Ser fadista é dom sem desatino,

viver  a vida, aceitar o destino.

A profecia discreta, saudosista,

bom oráculo até o amor persista.



Nossa sugestão musical: João Villaret Fado Falado


✨🎶✨