2025/08/31

Almada Negreiros Entre Nós

Maternidade-1985


Maternidade

Mãe — planeta redondo
girando na órbita dos braços.
Filho — cometa quieto
no ventre da hora.

O mundo lá fora é ruído,
dentro é linha, curva, cor.

Não há relógio,
há pulsar.
Não há chão,
há colo suspenso.

O traço não pinta:
abraça.
O abraço não guarda:
cria.

E no instante em que a tela respira,
o universo se resume
a dois corpos que inventam
o princípio de tudo.



Maternidade de Alma

Nada tão  grande tal amor materno,
Sobrepõe os dissabores sem término.
Uma força  gigantesca nasce num ser
Dotado de carinho a dar sem perecer.

Ser indefeso é  posto em seus braços, 
Incapaz de sobreviver sem cuidados.
É imensa a afeição da mulher ternura, 
Imensurável nos zelos, nada de usura.

Seres sobreviventes dos cuidados ternos
Serão  agradecidos eternamente, gratos,
Recordar-se-ão do início ao fim da vida, 
Em cada dia do seu viver,  da atuante lida.




Nossa sugestão musical: MARIZA - Mãe

💗💗💗


2025/08/21

Elly Liyana Ruslan Entre Nós


No véu de tintas lançadas ao vento,
um rosto enigmático, desatento.
Pálpebras sombrias, semblante sério,
a boca fechada clama mistério.

Palidez ferindo a pele, brisa cortante,
linhas dispersas, desejo distante.
Luz desbotada, sombra apagada,
gemido calado numa alma rasgada.

Fúria, silêncio, furacão contido,
mistério esculpido, olhar desprendido.
A tela reflete tormento na cor,
é tinta chorando num traço de dor.



Disfarce das Dores

Só se esboça, em riscos 

Com enigmáticos traços, 

Não se revela de todo,

Parcamente, sem denodo.


Em riscados disfarçados,

Insinuação de desgostos. 

Denota nostalgia dissimulada, 

Terá sido uma bem-amada?


Linhas são expressões, 

Revelam ou não emoções. 

Mulher traçada tristonha

Ou realidade medonha?


Delineada com cores,

Há insídia sem rigores.

Olhos cerrados em dor,

Será abandono do amor?



Nossa sugestão musical: Mudar de vida- António Variações


🍀🍁🍀


2025/08/16

Edvard Munch Entre Nós

O Grito - 1893

No céu flamejante, a dor ecoou,
um grito sem voz, o mundo calou.
A ponte sombria, o medo a correr,
um vulto curvado, horror a crescer.

Cenário chocante, cores ardentes,
Edvard o pintou em traços dolentes.
O medo é um eco, um céu a gritar,
no turvo infinito do eterno penar.

Ó sombra aflita bradando do além,
será tua angústia reflexo de alguém?
Ou somos no fundo na nossa ilusão,
um grito calado dentro da multidão.


 O Grito 

No desespero inusitado, EDVARD,
Como um ser sufocado, alucinado, 
Abismado, sofreu, fugiu apavorado, 
Situação angustiante, amedrontado.

Pasmou-se, espantou-se, incrível 
Viver num mundo nada amável… 
Outros seguem seu rumo normal,
Acomodam-se numa vida banal. 

Ruído estridente solta, se liberta
De amarras presas, tão deserta. 
Como liberto, seu livre percurso
Vice não mais com falso discurso.

Ocorreu-lhe uma boa ideia, mudar,
A fim de poder retornar, voltar a ter 
Tudo o deixado atrás, vai renunciar,
Resolve vivenciar, enfim, só viver…
Viva, enfim, 
                              EDVARD!





😱😱😱

2025/08/08

Paul Guy Gantner Entre Nós

"Passarela em Flor"


 Passarela em Flor

Suave pintura a trilha em aguarela,
cada flor sussurra o nome do dia.
A luz escorre por entre a janela
do céu, a paisagem vira poesia.

Flor do campo, livre, sem medida,
nasce onde o vento decide ficar.
Não pede nada, só oferece vida,
onde cada cor vem nos abraçar.

A passarela em flor abre-se inteira,
não leva a um fim, apenas ao agora.
Caminho certo, sem qualquer barreira.

O perfume daquele instante o decora,
nesse tempo sem pressa ou fronteira.
Só existe silêncio, e a beleza, aflora.



Flor do Campo 


Singela, formosa, simples, natural,
Longe de ser uma mera flor banal.
É uma medição da criação divinal,
Intermediária do jardim fenomenal. 
Paul é jardineiro primoroso e fiel.

De todas as mimosas, a escolhida 
Uma espécie tão estimada,  querida.
Confesso,  é a minha flor preferida,
Dá uma sensação de ser acolhida. 
Paul é jardineiro amoroso menestrel.

Ó flor do Campo, minha predileção 
Dentre todas as do meu coração. 
No vergel do meu viver, é  emoção 
Raridade multicolorida em sensação. 
Paul é jardineiro, das flores bacharel.

Quisera a sua simplicidade,  humildade
Exalasse o mais doce perfume: lealdade
Em ternura e apreço sem grande preço,
Pequeninas ternuras de grande talento.
Paul é jardineiro, protege-a tal coronel. 


"É JUNTO ÀS FLORES DO CAMPO QUE A BELEZA EM TODO SEU ESPLENDOR SE REFLETE  NOS OLHOS ENCANTADOS DA  VIDA."
Edna Frigato

🌸🌺🌼


Nossa sugestão musical: Flor de Laranjeira-Beraderos