MARILENE DUARTE ENTRE NÓS

Meu Amor

Cruzou o azul

do céu primaveril,

não sei se era

uma estrela

ou um pedaço de sol

que descia para me aquecer.

Cerrei os olhos

ante o brilho intenso

e ao abri-los

meu amor,

eras tu,

apenas tu 

quem me sorria.

NÓS

As partituras desenhávamos

com ternura e sonhos

A música ouvíamos

com sussurros e toques

Tudo era dança e movimentos

leves, soltos,

traçados pelo sentir

As palavras eram notas musicais e

a  alegria uma constante presença

em versos de eternidade

bordados com sorrisos

e cumplicidade

As cores se alternavam em tons vivos

e apenas com o olhar

pintávamos tudo,

gravando nas paredes nossa sagrada escrita

incapaz de ser lida 

por qualquer outro

que não soubesse se entregar ao amor

Talvez hoje se pergunte, assim como o faço

diante daquela escrita hieroglífica:

onde foi parar o "nós"?

Marilene Duarte

  Amor de Coração

Num só …
Amor quentíssimo,
Sentimento em profusão,
Requer muita determinação.

Acorde…

Num só …
Amor dulcíssimo,
Sentimento em explosão,
Requer boa dose de paixão.

Acorde…

Num só …
Amor  terníssimo,
Sentimento embarcação,
Requer movimento em ação.

Acorde…

Num só …
Amor amantíssimo,
Sentimento de sensação,
Requer nossa melhor gratidão.

Acorde…

Nossa sugestão musical: SÓ NÓS DOIS - MARIA DA PAZ

imagem: (escolhida pela Marilene) pintura de Inna Montano

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NOITE

 

Todas as noites

dou corda aos sonhos

porque não sei

quando vão parar. 

 O que seria de mim sem eles?

 Não conseguia viver nem aqui estar.

 Todas as noites

 lavo o meu corpo

 das dores malditas 

 que teimam em me sujar.

 O que seria de mim sem elas? 

 Já desisti de tentar imaginar. 

 Todas as noites 

renovo a esperança

 tendo o cuidado

de a aconchegar.

 O que seria de mim sem ela?

 Decerto deixaria de sonhar. 

Flutuo Pela Noite

Chega a noite,

cansada adormeço,

flutuo em meus ais,

não esmoreço,

afundar, jamais!

É apenas um pernoite.

Na cama, 

para lá e para cá,

como num balanço,

 ondas do mar ouço,

deixo-me descansar,

parece um açoite.

A noite avança,

revolvo-me,

abraço-me,

o frio me alcança,

meu corpo é leveza,

sonho com clareza.

No embalo da maré,

sinto-me como ré,

tenho estrelas ao redor,

na canoa, muito Amor,

a noite me sentencia,

seja de alegria meu dia.

 

Nossa sugestão musical: Tiê "A Noite"

  Imagem: pinterest

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Apenas um Carnaval

-Como vai ser o teu carnaval?

 Como habitualmente, desmascarando-me.

A bailarina fez o último plié
fugindo com o anjo azul
no palco ninguém se importou
a plateia aplaudiu de pé

No chão…
purpurina, algodão e penas.

A bailarina despiu-se urgente
o anjo guardou as asas
mil sonhos e abraços nus
num insensato amor ausente

No leito…
algodão e penas.

O belo anjo azul partiu
a bailarina triste chorou
o pó de arroz disfarçou
e da "Giselle" se despiu

no quarto…  

apenas, penas. 

 

Apenas um Carnaval

Nos jardins 

do castelo encantado,

vestiu fantasia de anjo, 

tirou suas vestes de princesinha,

amofinou-se de tanta sofisticação,

aproveitou baile de máscaras,

ninguém a reconheceria.

voava com suas asas de penas,

numa ala de confetes e serpentina.

No salão, 

viu seu príncipe amado,

conteve-se, fez um arranjo,

voava, se disfarçava de estrelinha,

alegrou-se, brilhava, não tinha marcação,

não a notavam, era invisível apenas,

percebeu ser bom usar disfarces, alegria

pode saborear, quimeras

dum baile de carnaval. Ela não desatina.

Apenas penas…

 

Nossa sugestão musical: Marchinhas

Imagem: Google

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Feliz e abençoado Carnaval a todos os amigos!

A vida está muito tempestiva e precisamos desopilar da forma mais segura e alegre possível.

VIVA A VIDA!

NORMA EMILIANO ENTRE NÓS

Despedida

Os teus olhos partiram com o último pôr-do-sol,

os teus dedos paralisaram na última carícia,

a tua ternura repousou no último abraço, 

e as tuas palavras descansam na cadeira de baloiço perto do fogo.

Mas a tua profundidade, essa ficou 

debaixo dos escombros desta terrível ausência.

A minha boca murmura agora

 uma dor amadurecida no recôndito do meu ser.

Laços do Coração

 Nos despedimos? 

Acredito que não.

 Mas nunca mais

 Conversaremos nem

 Nos veremos.

 O adeus não premeditado. 

Apenas ocorreu

 Não por vontade minha ou sua

 Apenas seu tempo

 Nesta travessia findou. 

 Já faz um bom tempo

 Ás vezes ouço mentalmente a sua voz

 Única lembrança dos

 Contatos esporádicos,

 Mas que traçou e perpetuou nossa conexão

 Por muitos anos.

 Faz um tempo a sua partida

 Mas em mim você ficou. 

Norma Emiliano

Ele Vinha

Luminosidade da alma enamorada,

Hora certa se achegava,

Ele vinha…

                         Dia de chuva fina ou grossa,

Céu nublado, trânsito engarrafado,

Hora certa se acercava,

Ele vinha…

                         Dia de muito trabalho, cansado,

Roupas rotineiras, precisado de banho,

Hora certa se aproximava,

Ele vinha…

                         Dias, meses, anos, tempos felizes,

Tinha ânimo, motivos, coração em festa,

Hora certa se aprumava,

Ele vinha…

                         Um belo dia, numa Pandemia,

Houve tristeza, céu se cobriu de lágrimas,

Hora nenhuma me consolava,

Ele nunca mais veio.

Nossa sugestão musical: Recomeçar

Imagem: retirada do Twitter

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Bordados Poéticos

Vem, senta-te aqui, minha querida,

 vamos bordar mais um dia no pano da vida.

O desenho tem flores de amor e carinho,

e o tecido é aveludado como o teu beijinho.

Escolhi as linhas nos tons dos afectos

 mas a agulha trespassa meus medos secretos.

"Sabes, às vezes é preciso "bordar a vida" para não desistir…"

Vem, aconchega-te a mim,

não bordes com "ponto atrás" as horas sem fim.

A primavera não tarda, hoje é outro dia,

 vamos debruá-lo com o "ponto matiz" da alegria.

E nas noites solitárias e frias,

não esqueças de debruar em "ponto cheio" as horas vazias.

"Sabes, às vezes é preciso "bordar a vida" para não desistir…"

Bordados Poéticos

Bordo meus pensamentos,

em cores dos meus afetos.

Minha agulha é delicadeza,

minha textura é gentileza.

Os temas são meu cenário,

montanhas, campanário.

O inverno insiste em ornar

minha guarnição no tear.

Assentada, eu componho,

não sinto medo, eu sonho.

Com um recamar singelo,

versos florais, poema belo.

Nossa sugestão musical: A Linha e o Linho - Gilberto Gil

Imagem: Pinterest

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Serenidade do Mar Sagrado (1 Ano do Blog)

Desci altos rochedos, amontoados

Até ao Mar Sagrado e sonolento

Senti passar no rosto as mãos do vento

E serenei nas areias, os pés magoados.

E tive os lábios frios e salgados

(os lábios que falavam de tormento)

Nos olhos me acordava, em sonho lento

As chamas de silêncio torturados.

Joguei com as águas os trunfos que tinha

E descansei palavras, mas eu vinha

Na esperança de vender meus ais ao mar.

E as águas secundaram meus desejos

Sagradas, me atiraram puros beijos

Subi os tais rochedos a cantar.

Serenidade

 Meu Mar Sagrado tão querido,

És materialidade da jornada,

Meu lugar amado e preferido

Onde

Vivo

na

Serenidade

Em ti sou restaurada e amada,

Curas meu dolorido coração,

Acalmas toda minha emoção

Onde

Vivo

na

Serenidade

És dono das minhas lágrimas,

Rego tuas praias com ternuras,

Beijada sou pelas tuas marolas

Onde

Vivo

na

Serenidade

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Nossa sugestão musical: Lugar Comum-Gilberto Gil

Imagem:  Orvalho do Céu

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Queremos homenagear nossos amigos seguidores, com nosso carinho, por estarem conosco durante o primeiro ano do nosso blog.

Sem a amizade tão propícia de todos, escreveríamos para nós mesmas, ficaria um casulo sem partilha feliz.

Gratidão de todo o nosso coração a todos.

Foi um ano bem difícil para ambas, mas estamos cuidando da nossa saúde em todos os níveis do nosso ser e as palavras ecoam nossa sensibilidade ao lidar com a perplexidade dos fatos que nos vêm sem nos pedir licença.

Agradecemos, de modo especial, a paciência em nos lerem e tecerem comentários enriquecedores para nós duas, demonstrando a grande capacidade de compreensão e estima de todos por nós.

Vocês absorvem nossos versos e dão uma ressonância significativa de muito crescimento.

Salve a Rainha do Mar, a madrinha do nosso blog!

Vejam a primeira postagem nossa no blog Aqui

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Fronteiras Internas

Sabia

que aquela lágrima teimaria,

quando não previa,

ela caía.

 

Vivia

esperando o dia

em que lágrima desistiria,

pura utopia.

Se envolveu

 num véu

 cor do céu

e a lágrima escondeu…

(mas ela reapareceu)

Fronteiras Internas

Avanço com positividade,

recuo com receio do pior.

Progrido com esperança,

volto com insegurança.

Despenco-

                            me…

Envolta num véu.

Exponho-me ao ar livre,

sou liberdade intrínseca.

Retenho-me no isolamento,

sou acuada em lamento.

Despenco-

                          me…

Envolta num véu.

Durmo na espreita atenta,

sonho com nuvens azuis.

Esbarro-me em retorno.

não segura ao entorno…

Despenco-

                           me…

Envolta num véu.

Vejo-me limitada em ação,

sou fronteira sem expansão.

Verso livremente, temente,

independente, docemente.

Despenco-

                            me…

Envolta num véu.

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Nossa sugestão musical: Andrea Bocelli - Perfidia 

imagem: mariska karto

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