2024/04/28
Metamorfose
2024/04/18
RAQUEL DE QUEIROZ ENTRE NÓS
veio morar na fazenda,
na casa velha…
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô…
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha…
A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro…
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade…
Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que - coitados - tão velhos
só hoje é que conhecem a luz do dia…
A luz branca e fria
Laços Afetivos
No amor, sou jogo forte,
aventuro-me, insuperável,
heroica e destemidamente.
O tempo não o apaga jamais,
se verdadeiro, só o adormece,
surra, também dá o bálsamo.
Dói muito, é vivo, vivificador,
não é escândalo, nem vândalo,
como a água do mar, no vaivém…
Não é de marés, como nós em nós,
é onda estarrecedora, animadora,
fascinante como a paz, refaz.
Tem audácia, algo de petulância,
rompe nosso medo herege,
envergonha a falta de coragem.
2024/04/13
Espera Macerada
O tempo passa, nós vamos esperando
Assim como quem anda sem andar.
Agarrados ao tempo por passar
Agarrados à vida mas sonhando.
O tempo, porque é tempo, vai passando
A gente nesta espera macerada.
A sorrir ou a chorar na caminhada
Sempre, sempre o tempo cavalgando.
Um dia, qualquer dia, eis-nos parados,
Da vida por viver já bem cansados,
O passado já não nos faz sofrer.
À esquina do tempo, como quem espera,
Que o tempo seja sempre Primavera,
Passando os anos sem envelhecer.
Espera Macerada
Lá fora, há o céu azulado,
Cá dentro, tudo contristado.
Olha, observa, contempla,
Numa esperança tão ampla.
Lá fora, tudo parece normal,
Cá dentro, nada é mais igual.
Ela espreita flores delicadas,
É mimosa, derrama lágrimas.
Lá fora, insensibilidade gela,
Cá dentro, carinhos congela.
Tem bom livro em sua mão,
Na tentativa, não doer coração.
Lá fora, não vem mais resposta,
Cá centro, macera a dor imensa.
Mal intenso n'alma a desgosta,
A cada dia, se faz mais densa.
2024/04/08
MANOEL DE BARROS ENTRE NÓS
Minhas Circunstâncias
Habito meus fantasmas,
são revelações, sensações …
moro em minhas fraquezas,
são minhas fortalezas…
Resido no desalento,
é investimento…
Vivo no amor,
é minha poesia sem dor …
Domicilio-me no alento,
é compadecimento…
Estancio na leveza,
é minha maior beleza.
Vou ao encalço de pássaros,
são meus bálsamos…
Remodelo minhas insignificâncias,
são só circunstâncias…
Imagem: Pinterest
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