As gotas de chuva deslizam suavemente pela janela, num ritmo cadenciado e melancólico. O cinzento do céu parece fundir-se com a tristeza que paira no ar, como se a atmosfera absorvesse a dor que ecoa no meu coração.
Cada gota é um suspiro do céu, uma lágrima que desce num lamento silencioso.
No entanto, há uma beleza escondida nessa melancolia. A forma como a chuva envolve tudo ao seu redor, suavizando contornos e embaçando as linhas da realidade, confere-lhe uma aura única de paz, mistério e encanto.
Triste e belo
O dia amanheceu triste.
Chovia.
Não era a chuva entretanto que o tornava triste.
A chuva era mansa, do tipo que faz um barulhinho aconchegante nos telhados, penetra fundo na terra, é chuva nutritiva, não poderia então deixar o dia triste.
O quarto acumulava ainda o ar, o oxigênio, a energia que parecia pesar.
Abri com certa demora a janela.
Queria encontrar lá fora algo que pudesse convidar
o ar que dormiu triste do lado de dentro a se renovar em leveza.
Estava lá!
O lírio da paz.
Acordo de Paz
Cai a chuva bem fina,
Tenho Amor no coração
Jamais ele me arruína,
Sinto uma terna emoção.
Terra molhada amolece,
A plantinha feliz cresce,
Ela se faz linda, floresce,
A mim muito enternece.
Faz-se tempo outonal
Na primavera Estação.
Não é nada tão normal,
É uma linda sensação.
Faz até um friozinho…
Lá fora, há paz na tarde.
Meu peito pulsa, arde,
Flui com muito carinho.
Que todos façamos um:
Acordo Tácito de não turbarmos a Paz!...