2024/03/27

FLORBELA ESPANCA ENTRE NÓS


Nasces mulher, senhora do teu poema,
Maravilhoso soneto ou simples canção,
Escreves com garra, desafias o sistema,
Cada verso, é a tua voz, o teu coração.

Nasces mulher, aprendes a sobreviver,
Teu sorriso é luz num mundo opressor.
Lágrimas contidas esculpem teu ser,
Todos os dias, ofereces o teu melhor.

Nasces mulher, não temes a verdade,
Reivindicas lugar, razão, sentimento,
Teu ser é vida, é sangue, é liberdade,
Teu verso é alma, é arte, é talento.


 A MULHER


Ó Mulher!

Como és fraca e como és forte!

Como sabes ser doce e desgraçada!

Como sabes fingir quando em teu peito

A tua alma se estorce amargurada!

Quantas morrem saudosa duma imagem.

Adorada que amaram doidamente!

Quantas e quantas almas endoidecem

Enquanto a boca rir alegremente!

Quanta paixão e amor às vezes têm

Sem nunca o confessarem a ninguém

Doce alma de dor e sofrimento!

Paixão que faria a felicidade.

Dum rei; amor de sonho e de saudade,

Que se esvai e que foge num lamento!


Sou Reflexo do Amor 


Sou mulher doce, forte, 

Driblo a minha sorte

Penso muito, admoestação 

É  minha manifestação


Sou princesa, a encantada,

Sinto-me encorajada

Faço o impossível no Amor,

Não penso na futura dor


Sou a rejeitada, a abatida,

A do coração tristonho

A da lágrima bem sentida, 

Pelo mundo medonho


Sou abrigo das mil dores,

Elas, por mim, falam

Um reflexo bem nítido 

Da sorte, me abalam


Sou meu porto na solidão, 

Angra do meu coração

No Amor, quero só amar,

Meu ser inteiro a pulsar

Nossa sugestão musical: Trovante - "Perdidamente "-poema de Florbela Espanca