Nos becos de Lisboa, paira no ar
o Fado cantado, guitarra a pulsar.
Alma portuguesa, saudade a soar,
xaile em posição, coração a arfar.
Nas ruas do Rio o Samba acontece,
ritmo e alegria, dançar apetece.
Entre pandeiros, tamborins a soar,
cadência brasileira a nos contagiar.
No Fado, a tristeza vira canção,
a voz do fadista, revela emoção.
Saudade ecoando nas velhas vielas
tradição antiga lembrada nas estrelas.
No Samba, a batucada acorda a sambar,
ritmos nos movendo, corpos a bailar.
Carnaval de cores, espetáculo sem igual,
Brasil palpita em compasso tropical.
No Fado há nostalgia, no Samba alegria,
tradições distintas, a mesma magia.
Lisboa e Rio, cidades irmãs a cantar,
Fado e Samba, abraço cultural a estimar.
O FADO É A ALMA LUSA
Faz lembrar alguém
Algo que o fado tem
No tom de tristeza, solidão e mágoas?
Lembra a mim o som das águas
Das ondas do mar aberto
Batendo ao costado, e forte,
Da nau posta à própria sorte
Da rota com destino, mas incerto
E o nauta, preso à nau como cativo,
Sente-se até morto; ou vivo
Temente ao naufrágio e à morte.
Tendo o mar encapelado
O vagalhão bate ao costado
Desaguando no convés
E vai sair através
Das escoas, com um som
Arrastado, tendo o tom
E ritmo iguais ao do fado.
Por isso que o som do fado
Lembra o marujo embarcado
Na solidão do alto-mar
Imprevisível a estar.
A nau navegando avança,
E a alma do marinheiro
Fareja, no ar, o cheiro
Da morte, até na bonança.
Porém, na luz da esperança.
O fado é a alma lusa
Navegadora que usa
A força do corpo humano
Para vencer o oceano.
E, essa alma é o fado
Do argonauta fadado
Ora, a ser, do fado, a musa.