2024/10/11

MARIA TERESA HORTA ENTRE NÓS

"Sou voraz, não me apego ao abrigo da alma",

Sou dona de mim, em chamas me inflamo,

Minha essência arde, nada me acalma,

No calor do desejo, procuro quem amo.


Minha natureza é intensa, selvagem,

O fogo me guia, me encontro, me perco,

Mesmo me queimando, revelo coragem,

Dançando nas brasas, meu ser eu liberto.


Não busco refúgio, nem paz ou descanso,

Sou a fúria do fogo, tenho chama na alma,

Na voracidade do instante, à vida me lanço,

"Sou o corpo, o incêndio, só o fogo me acalma."

“Pequena Cantiga à Mulher”

Onde uma tem
o cetim
a outra tem
a rudeza

Onde uma tem
a cantiga
a outra tem
a firmeza

Tomba o cabelo
nos ombros
o suor pela
barriga

Onde uma tem
a riqueza
a outra tem
a fadiga

Tapa a nudez
com as mãos
procura o pão
na gaveta

Onde uma tem
o vestígio
tem a outra
a pele seca

Enquanto desliza
o fato
pega a outra na
enxada

Enquanto dorme
na cama
a outra arranja-lhe
a casa.

Resisto  forte à minha sina,
Afirmá-la, seria minha ruína. 
Voo na poesia livre em série, 
Escrever é  minha lingerie.

Minha passagem cá  na Terra,
Liberto-me da aridez, é  guerra
Nós ávidos em me engolirem, 
Verdades  não me denigrem. 

Ajusto-me ao Amor, à paixão, 
Não passageira compensação. 
 Só a intensidade me acalma, 
As brasas estão em minh'alma. 

Com afeto ponho no forno, 
Meu sentimento não morno. 
Minha cor será descoberta,
Sou fogo e orvalho, liberta.

Imagem: Pensador

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