2025/06/30

Sophie Gengembre Anderson Entre Nós


Deitada entre véus, seu retiro sagrado,
lê a menina em voz silenciosa.
Cada página, um mundo encantado,
 fazendo do quarto espaço de prosa.

Dedos pequenos deslizam na história,
tateiam dragões, florestas, princesas,
 um riso contido — quase memória —
abre-se em flor com suas belezas.

A coberta verde esconde segredos,
de um tempo só dela, para guardar.
Não há impaciência, nem medos,
só o contentamento insiste em ficar.

O livro brilha como espelho antigo,
onde a realidade se curva à fantasia,
 cada ilustração fala-lhe ao ouvido,
com voz de sonho e terna melodia.

Oh, instante tão breve e tão vasto,
de olhos atentos, coração aberto…
A infância, esse barco sem mastro,
navega em silêncio por dentro do afeto.




Sophie descansa no dia já ido,

Livro aberto, repleto de histórias, 

Manifestação do interior curioso, 

Cheia de sonhos, devaneios belos.


Sophie folheia livro em causalidade,

Imaginar finais felizes de bondade.

O modo de estar no lazer formoso

É  aptidão a ser livre de banalidade. 


Sophie preenche todo ócio, fecundas

Maneiras de assimilar melhor o lido.

Repousa sem pretensões ambiciosas,

Delicioso momento de mansa ação.


Abastecida de cultura e aconchego, 

Faz em si, Sophie, grande chamego.

Dá  tempo a preencher o seu saber,

Não tem pressa de aprender a viver.



Nossa sugestão musical: Silêncio do meu Quarto-Núbia Lafayette

🌟🌟🌟

2025/06/28

Daniel Gonzáez Poblete Entre Nós

À Luz do Silêncio

No chão de mármore em etéreo encanto,
a mulher se entrega em doce meditação,
 gesto brando, olhar com um leve pranto,
como se escutasse a voz do coração.

Manto azul-celeste em pregas delicadas,
desliza e envolve a sombra do perfil,
brilham as joias — lágrimas caladas —
na paz serena de um momento subtil.

Com mão sagrada, ao lume se inclina,
lanterna antiga, de metal silente,
 o gesto lento, com calma quase divina,
recorda a prece de uma alma crente.

Com véu rosa no cabelo, ela se inclina,
como quem guarda um sonho no olhar;
ali, o tempo — que tudo destina —
parece um quadro pronto a eternizar.

Ó musa em luz, em sombra repousada,
pintada em cor, silêncio e devoção,
tua figura, de beleza encantada,
é verso vivo de pura contemplação.


Tem nas suas mãos uma máquina de tecer sonhos,

Senta-se bem acomodada, segura-a com carinhos. 

Poblete delineia traços sutis em todos contornos.


Examina as possibilidades, repensar seus desafetos,

Não deseja ser impropérios nem alvo de tais atos. 

Poblete delineia traços sutis em todos contornos.


Com calma, pausadamente, examina seu coração,

Requer prudência,  discernimento e toda atenção. 

Poblete delineia traços sutis em todos contornos.


Como mulher de senso, brio, prima pela boa ação, 

Não deseja ser mais uma de pouca mentalização.

Poblete delineia traços sutis em todos contornos.


Deseja um sonho inusitado e com bom resultado, 

Como prima pelo mundo todo sendo bem-amado.

Poblete delineia traços sutis em todos contornos.


Sonha, mulher de devaneios,  não deixe amuado

Seu coração de princesa de príncipe destronado. 

Poblete delineia traços sutis em todos contornos.


Nossa sugestão musicalMafalda Veiga - O Mesmo Deus


🌺🌸🌺



2025/06/20

Rudolf Epp Entre Nós

O Amado

Sentada à beira do tempo com o livro pousado no colo, certas histórias às vezes, precisam ser deixadas de lado, o que importa não está nas palavras impressas, está nos olhos dele, do outro lado da janela, onde o mundo é real.

Sorriso tímido, flor na mão e esperança nos gestos, ele não diz muito, nem precisa. O que se passa entre eles é feito de pequenas pausas e de linguagem silenciosa. Um toque de dedos, um riso escondido, o calor do sol entrando pela fresta.

A casa parece conter a respiração, o casaco pendurado, o sapato no chão, a luz dourada filtrando o pó, toda ela é testemunha de algo raro: o exato momento em que o quotidiano se transforma em poesia.

Ela o escuta com o corpo inteiro, enquanto ele fala com o olhar. Juntos desenham uma cena que não se explica, só se sente: Amor, na sua forma mais pura, mais simples, mais bonita. Sem promessas grandiosas. Só a presença. Só o agora.

Ali, entre o dentro e o fora, entre o gesto e o olhar, o tempo para, e os dois, por um instante só deles, se tornam eternos.


No romantismo à flor da pele,
Rudolf admira a musa solitária,
ela se aconchega â janela, repele
conquista tola, tão desnecessária.

Um olhar de bom conquistador,
no coração, repleto muito amor.
Rudolf acredita encantar a musa,
ela, discreta, moça de Andaluza.

Ela joga charminho delicado,
Rudolf, cheio de mil carinhos,
conquista a mulher obstinado,
Ciente de mil malabarismos.

Uma paquera mui envolvente
aquece  coração, corpo, mente.
valerá a pena o sutil namoro,
são ambos seres com decoro.




Nossa sugestão musical: Carinhoso-Elis Regina

💗💘💗



2025/06/14

Russell Cobane Entre Nós

Enquanto Voam

O vento sopra como quem tem pressa,
mas as aves não correm —
elas seguem.
Em formação viva, rasgam o céu
sem feri-lo,
como se fossem parte dele
desde o começo.

O mar ondula em tons verdes,
cristal e sombra,
reluzindo sob nuvens que dançam com luz e ameaça.

Há um tempo exato nessa travessia —
não marcado por relógios,
mas pela memória ancestral das asas,
pela direção do instinto
que reconhece onde termina o frio
e começa a esperança.

Cada pássaro é um traço de silêncio em movimento.
E juntos, eles desenham o caminho
que só quem voa compreende.

Ali, entre céu turvo e água viva,
a beleza não pede plateia.
Ela apenas acontece —
inesperada e inteira,
como o voo.


Revoada em consonância,
Gaivotas em alternância,
movimentos cadenciados,
Ventos muito alvoroçados,
Russel canaliza momentos.

O alarido estupendo no mar
dá vida ao local sem parar.
Até as águas se agigantam,
ao bailado das aves, atentam.

As nuvens bailam felizes,
tudo é como cordonizes.
O vento em bom movimento
ajuda bailado, sem tormento.

O cenário é tão encantador,
natureza em festa sem dor.
tudo em plena conformidade,
estupendo postal de lealdade.

Nossa sugestão musical: António Marcos Gaivotas


🪽​🪶​🪽​


Parabéns, minha querida amiga mana, , pelas suas Bodas de Seda!
Seja muito feliz e abençoada em seu matrimônio!
O amor precisa e merece ser amado.


2025/06/06

Heba Mohamad Entre Nós

'Casa em Jaffa' de Heba Mohamad
 

Casa em Jaffa

Há uma porta azul no coração do dia,
meio aberta, como quem diz: pode entrar,
sem pressa, sem senha, sem guia,
a sombra e o jasmim já fizeram seu lugar.

No limiar, vasos antigos ensinam,
guardam segredos de outras manhãs.
As buganvílias do alto se inclinam,
abrem-se em flores como duas irmãs.

O tempo ali não sabe de urgência,
vive entre mosaicos, memórias, clamor.
Cada pedra guarda uma ausência,
uma perda, mas também um eco de amor.

Quem passa por Jaffa, por essa fachada
leva no olhar o azul da esperança,
e no caminho vem de alma aliviada,
como quem volta à casa da infância.



Há porta entreaberta, 

Esperança descoberta. 

Uma tentativa não vã,

Dias viçosos virão, crê

Heba na tela aquarela. 


O perfume é coberta,

O amor os acoberta.

Há o sigilo num divã.

Só cego recusa, não vê

Heba na tela aquarela.


A casa é bem propensa

À paixão bem intensa.

Há  flores na entrada,

Dentro, a bem-amada,

Heba, na tela aquarela.



Onde mora a ternura?

Sei bem do endereço.

Não há sinal de usura,

Nem amor de adereço,

Heba, na tela aquarela. 



Nossa sugestão musical: 
Maria Bethânia | "A Nossa Casa" 


🏠🏠🏠

2025/05/29

Sally Swatland Entre Nós

De manhã cedo na ilha

De manhã cedo na ilha

A luz ainda não é cheia.
É macia, azul-clara,
como o sussurro do mar antes do mundo acordar.

Ela se baixa —
com cuidado, como se o chão pudesse quebrar.
Seu vestido branco encosta na água rasa,
onde o céu se dobra,
e a terra se confunde com o reflexo do que virá.

O chapéu protege seus olhos,
mas não esconde o silêncio curioso
com que observa uma linha de espuma,
uma marca que talvez seja um segredo deixado pela noite.

Há sal no ar,
mas também há algo mais:
um tempo suspenso,
um momento que não precisa ser nomeado.

Nada se apressa.
Nem o mar,
nem ela,
nem a ave que caminha ao fundo como quem respeita o ritual.

É um instante pequeno.
Mas eterno.
Como tudo o que é verdadeiro.



Escritos Encharcados 


De Amor sem falso pudor,

De pudor com brio sem temor, 

De temor sem falsa Esperança, 

De esperança com sonho de Bonança,

Sally ama o mar das delícias. 


Escreve seus sonhos delirantes, 

Não se intimida das marés rasantes, 

Delineia novos horizontes perdidos, 

Reconhece caminhos tão iludidos, 

Sally ama o mar das delícias. 


Rabisca todas  emoções contidas,

Ele guarda seus segredos nas ondas,

Vive na confiança do seu confidente,

Tem certeza, ele jamais mente, 

Sally ama o mar das delícias. 


De paixão, se veste, reveste a areia,

De areia faz castelos, belos projetos,

De projetos cabíveis,  vive pé no chão, 

De pé no chão,  afaga marolas com coração.

Sally ama o mar das delícias. 



Nossa sugestão musical: Stamatis Spanoudakis - Thalassa


🌸🌹🌸

2025/05/24

Rafal Olbiński Entre Nós

Vestido de Chuva

No silêncio onde o céu se desfaz,
ela ergue-se, serena tempestade,
num vestido bordado de paz
com gotas presas à eternidade.

Braços cruzados, guarda o segredo
da água brotando sem razão,
como se chorasse em silêncio o enredo
do mundo guardado no coração.

Cada gota, um suspiro contido,
cada fio azul, uma estação.
Sob seu manto, flores têm nascido
como resposta da terra à emoção.

Lágrimas caem, mas não ferem o chão:
dão tulipas, amor, renascimento.
Ela é chuva, mesmo sem permissão
transforma a dor, em flores ao vento.




Alma de Vergel

Afetada em seu âmago, se tampa,
Reveste-a Rafal de flores, na marra.
Mistura-a ao jardim em fragrâncias
Cobre-a, manto floral, sua alegria.

Confundem-na com uma estampa,
Um lindo vergel tecido na barra,
Rega cada uma com suas lágrimas,
No azul trabalha sua incontinência. 

Oculta  na sombra escura noturna,
Desnuda de si mesma, sente o frio.
Abraça seu peito, encolhe-a, espera
Passar toda cruel fase, com calma. 

Não deseja de bom tom ser soturna,
Repete toda má sensação de calafrio. 
Respira serena, a vida se faz amena, 
Nada como disfarçar de flor sua alma. 



Nossa sugestão musical: As Flores do Jardim da Nossa Casa


🌷🌹🌷

2025/05/16

Sharon Maia Wilson Entre Nós

Retiro da Alma

Há um lugar onde o mundo desacelera,
onde a luz pousa macia nas paredes ocres
e a sombra das folhas dança
como se soubesse segredos que ninguém diz.

Uma porta entreaberta convida o silêncio,
não para entrar — mas para permanecer.
Ali, cada flor cresce com ternura,
cada árvore guarda um nome esquecido.

O tempo ali não corre,
apenas respira.

Na parede, o vermelho das pimentas
fala da força discreta das pequenas coisas.
E o vaso, imóvel,
acolhe o instante como quem acolhe um filho.

Essa casa não é só uma casa —
é abrigo de memórias que não vivemos
mas, ao olhá-la, lembramos.

A pintura de Sharon não retrata um lugar,
expõe um sentimento que mora dentro de nós
e, por instantes,
nos convida a voltar.


Entrada Soturna 


Há  um mistério do outro lado,

Uma porta embaçada, fechado 

Caminho tão desejado,  sonhado 

Misto de coragem, medo danado.


Passagem secreta,  Sharon, quiçá? 

Possibilidade de vida nova, será?

Trabalho, ascese ou fortificação 

Coração em ação,  em mutirão. 


A claridade virá, sei bem esperar 

Com parcimônia, passo a galgar 

Sem energia esbanjar, descortinar 

Mundo novo sem receio, eu creio. 


Do outro lado? Um novo percurso,

Um tanto, antes, em desuso,  curso

Seguro sem sobressaltos aos saltos, 

Caminhar na claridade, na bondade. 




💚💛💚

2025/05/10

Renoir Entre Nós

"Menina com as Espigas"-1888


Menina de laço, dourando ao sol,

teu rosto ilumina a tarde mansa.

No campo dançando qual girassol,

o vento te embala, abraça, alcança.


Espigas nos braços tão pequeninos,

colhidas com gestos de pura inocência.

Segredos da terra repousam divinos,

nos teus dedinhos tocando a essência.


Teus olhos vagam, perdidos no tempo,

onde o mundo é sonho, cor, aventura.

Renoir captou um instante suspenso,

menina áurea, eterna em pintura.




Renoir, numa elegante comoção,

Pincela a Menina com as Espigas.

Traços esbeltos vindo do coração,

Numa beleza em belas memórias.


São pinceladas de alma, toques

Suaves com pompas e retoques.

Deixa revelar toda a expressão

De ternura envolvente em ação.


Tinge, Renoir, com sutileza ímpar,

colore espigas em tons de amar.

Tênues pinceladas multicolores,

Brilha em suas artes peculiares.


Emoção não lhe falta no pincel,

Paleta parece contornar o anel.

Envolta no lindo campo de trigal,

Presenteia-nos beleza sem igual.



Nossa sugestão musical: Menina - Tonicha

🌻🌼🌽


2025/05/02

Terry Avon Redlin Entre Nós

Noite com amigos-(July 11, 1937 – Abril 24, 2016)

Noite com Amigos

A velha cabana respira luz,
um calor brando escapa pelas janelas,
como se o coração da floresta ali palpitasse.

Na lareira, as chamas dançam
ao som distante de risos,
memórias antigas se reencontram —
chegam amigos,
trazendo histórias e relembrando bons tempos passados.

Lá fora, a neve cobre o mundo
silenciosa, quase em segredo.
Um casal de veados espreita entre as árvores,
quietos como se escutassem
uma canção antiga que só o inverno conhece.

A água reflete o luar
quase imóvel, como se também observasse.
As estrelas cintilam no céu límpido
bordado de galhos nus
que esperam a primavera em silêncio.

É uma pintura com alma,
um instante preso no tempo
onde tudo se aquieta,
e a vida — por um breve momento —
simplesmente...repousa.

Ambiente Aquecido 

Era noite muitíssimo fria,
Na choupana, havia magia.
Sonho de amor e alegria, 
Terry pincela, se inebria. 

Uma gélida noite avança, 
Sinais de afeto e esperança, 
Lar de conforto e bonança, 
Terry pincela, se lança. 

Na casinha, o fogo aquece, 
O diálogo sempre acontece 
Tempo quentinho favorece, 
Terry pinta, nos enriquece. 

O casebre pode ser riqueza, 
Prenúncio de toda gentileza.
Vive pessoas de delicadeza, 
Terry pincela em presteza.




❄️​☃️​❄️​

2025/04/23

Amigas Pela Fé

Entre Flores e Brisas – Para Roselia 🌸

Mana do coração, estrela doce e serena,
no campo da vida, és flor, me acalma, 
companheira de risos, de fados e alma,
em ti mora, paz, fé e ternura plena. 

Como aquelas jovens, vestidos ao vento,
dançamos em dias de sol e bonança,
de mãos dadas, criamos lembranças,
no jardim do afeto onde o tempo é lento.

Juntas partilhamos sombras e dores,
lágrimas virando alegrias escondidas,
cicatrizes que hoje brilham, floridas,
entre nós, fazemos dos espinhos _ flores.

Na alegria cantamos, na tristeza escrevemos,
na poesia encontramos amparo e razão,
transformando o sentir em doce canção,
amamo-nos de verdade, nos entendemos.

Teu nome, rosa, agraciando teu ser,
mais que perfume, mais que beleza,
 presença devotada, autêntica gentileza,
auxilias-me continuamente a florescer.

Obrigada mana, por seres abrigo,
por seres silêncio e voz quando preciso,
contigo aprendi, a vida pode ser sorriso,
confidência, carinho.. ombro amigo.



Entre Flores do Campo- Para

Somos almas esvoaçantes
Germinadas na esperança,
Temos sonhos enlaçantes.
Revestidos de bonança.
Manas do coração.

Às flores perseguimos,
Numa façanha sem igual.
Desafios, não desistimos
Temos força descomunal.
Manas na emoção.

A leveza do nosso caminhar
Sugere todo bom capricho.
Sentimos a leveza no amar
Soltamos todo ar borocoxô.
Manas em comunicação.

Saltitamos, musas mimosas,
liberamo-nos, pomposas.
No campo, somos originais,
sem dores, males banais.
Manas em pura comunhão.

Imagem: Pinterest


🐣​🕊️​🐰​

Feliz Páscoa aos amigos queridos!