Deitada entre véus, seu retiro sagrado,
lê a menina em voz silenciosa.
Cada página, um mundo encantado,
fazendo do quarto espaço de prosa.
Dedos pequenos deslizam na história,
tateiam dragões, florestas, princesas,
um riso contido — quase memória —
abre-se em flor com suas belezas.
A coberta verde esconde segredos,
de um tempo só dela, para guardar.
Não há impaciência, nem medos,
só o contentamento insiste em ficar.
O livro brilha como espelho antigo,
onde a realidade se curva à fantasia,
cada ilustração fala-lhe ao ouvido,
com voz de sonho e terna melodia.
Oh, instante tão breve e tão vasto,
de olhos atentos, coração aberto…
A infância, esse barco sem mastro,
navega em silêncio por dentro do afeto.
Sophie descansa no dia já ido,
Livro aberto, repleto de histórias,
Manifestação do interior curioso,
Cheia de sonhos, devaneios belos.
Sophie folheia livro em causalidade,
Imaginar finais felizes de bondade.
O modo de estar no lazer formoso
É aptidão a ser livre de banalidade.
Sophie preenche todo ócio, fecundas
Maneiras de assimilar melhor o lido.
Repousa sem pretensões ambiciosas,
Delicioso momento de mansa ação.
Abastecida de cultura e aconchego,
Faz em si, Sophie, grande chamego.
Dá tempo a preencher o seu saber,
Não tem pressa de aprender a viver.
Nossa sugestão musical: Silêncio do meu Quarto-Núbia Lafayette
🌟🌟🌟