2025/07/01

Sophie Gengembre Anderson Entre Nós


Deitada entre véus, seu retiro sagrado,
lê a menina em voz silenciosa.
Cada página, um mundo encantado,
 fazendo do quarto espaço de prosa.

Dedos pequenos deslizam na história,
tateiam dragões, florestas, princesas,
 um riso contido — quase memória —
abre-se em flor com suas belezas.

A coberta verde esconde segredos,
de um tempo só dela, para guardar.
Não há impaciência, nem medos,
só o contentamento insiste em ficar.

O livro brilha como espelho antigo,
onde a realidade se curva à fantasia,
 cada ilustração fala-lhe ao ouvido,
com voz de sonho e terna melodia.

Oh, instante tão breve e tão vasto,
de olhos atentos, coração aberto…
A infância, esse barco sem mastro,
navega em silêncio por dentro do afeto.




Sophie descansa no dia já ido,

Livro aberto, repleto de histórias, 

Manifestação do interior curioso, 

Cheia de sonhos, devaneios belos.


Sophie folheia livro em causalidade,

Imaginar finais felizes de bondade.

O modo de estar no lazer formoso

É  aptidão a ser livre de banalidade. 


Sophie preenche todo ócio, fecundas

Maneiras de assimilar melhor o lido.

Repousa sem pretensões ambiciosas,

Delicioso momento de mansa ação.


Abastecida de cultura e aconchego, 

Faz em si, Sophie, grande chamego.

Dá  tempo a preencher o seu saber,

Não tem pressa de aprender a viver.



Nossa sugestão musical: Silêncio do meu Quarto-Núbia Lafayette

🌟🌟🌟

2025/06/28

Daniel Gonzáez Poblete Entre Nós

À Luz do Silêncio

No chão de mármore em etéreo encanto,
a mulher se entrega em doce meditação,
 gesto brando, olhar com um leve pranto,
como se escutasse a voz do coração.

Manto azul-celeste em pregas delicadas,
desliza e envolve a sombra do perfil,
brilham as joias — lágrimas caladas —
na paz serena de um momento subtil.

Com mão sagrada, ao lume se inclina,
lanterna antiga, de metal silente,
 o gesto lento, com calma quase divina,
recorda a prece de uma alma crente.

Com véu rosa no cabelo, ela se inclina,
como quem guarda um sonho no olhar;
ali, o tempo — que tudo destina —
parece um quadro pronto a eternizar.

Ó musa em luz, em sombra repousada,
pintada em cor, silêncio e devoção,
tua figura, de beleza encantada,
é verso vivo de pura contemplação.


Tem nas suas mãos uma máquina de tecer sonhos,

Senta-se bem acomodada, segura-a com carinhos. 

Poblete delineia traços sutis em todos contornos.


Examina as possibilidades, repensar seus desafetos,

Não deseja ser impropérios nem alvo de tais atos. 

Poblete delineia traços sutis em todos contornos.


Com calma, pausadamente, examina seu coração,

Requer prudência,  discernimento e toda atenção. 

Poblete delineia traços sutis em todos contornos.


Como mulher de senso, brio, prima pela boa ação, 

Não deseja ser mais uma de pouca mentalização.

Poblete delineia traços sutis em todos contornos.


Deseja um sonho inusitado e com bom resultado, 

Como prima pelo mundo todo sendo bem-amado.

Poblete delineia traços sutis em todos contornos.


Sonha, mulher de devaneios,  não deixe amuado

Seu coração de princesa de príncipe destronado. 

Poblete delineia traços sutis em todos contornos.


Nossa sugestão musicalMafalda Veiga - O Mesmo Deus


🌺🌸🌺



2025/06/20

Rudolf Epp Entre Nós

O Amado

Sentada à beira do tempo com o livro pousado no colo, certas histórias às vezes, precisam ser deixadas de lado, o que importa não está nas palavras impressas, está nos olhos dele, do outro lado da janela, onde o mundo é real.

Sorriso tímido, flor na mão e esperança nos gestos, ele não diz muito, nem precisa. O que se passa entre eles é feito de pequenas pausas e de linguagem silenciosa. Um toque de dedos, um riso escondido, o calor do sol entrando pela fresta.

A casa parece conter a respiração, o casaco pendurado, o sapato no chão, a luz dourada filtrando o pó, toda ela é testemunha de algo raro: o exato momento em que o quotidiano se transforma em poesia.

Ela o escuta com o corpo inteiro, enquanto ele fala com o olhar. Juntos desenham uma cena que não se explica, só se sente: Amor, na sua forma mais pura, mais simples, mais bonita. Sem promessas grandiosas. Só a presença. Só o agora.

Ali, entre o dentro e o fora, entre o gesto e o olhar, o tempo para, e os dois, por um instante só deles, se tornam eternos.


No romantismo à flor da pele,
Rudolf admira a musa solitária,
ela se aconchega â janela, repele
conquista tola, tão desnecessária.

Um olhar de bom conquistador,
no coração, repleto muito amor.
Rudolf acredita encantar a musa,
ela, discreta, moça de Andaluza.

Ela joga charminho delicado,
Rudolf, cheio de mil carinhos,
conquista a mulher obstinado,
Ciente de mil malabarismos.

Uma paquera mui envolvente
aquece  coração, corpo, mente.
valerá a pena o sutil namoro,
são ambos seres com decoro.




Nossa sugestão musical: Carinhoso-Elis Regina

💗💘💗